Ao receber de uma moça a questão "E se você estiver errado?", Richard Dawkins (ateu declarado, e autor de diversos livros como O Relojoeiro Cego e o mais recente Deus, um Delírio), aparece com uma argumentação que eu esperava vir de um agnóstico, mas nunca de um neo-ateu radical como ele.
A argumentação de Dawkins é mais ou menos a seguinte: Os humanos idealizaram diversos deuses, em várias culturas. Por isso, a probabilidade de que qualquer um deles seja verdadeiro é baixíssima. Assim, é mais seguro crer na não-existência de qualquer deus.
Este argumento de Dawkins peca em dois pontos. Primeiro, ele não responde a pergunta de fato, ainda existe uma possibilidade de ele estar errado. Segundo, de acordo com essa lógica, o ateísmo tem mais probabilidade de estar errado que qualquer teísmo.
Esta última afirmação necessita de um parágrafo de explanação. Dawkins diz que a crença em qualquer um destes deuses exclui qualquer um dos outros, e isso faz com que a probabilidade dessa crença estar correta se dilua em frente ao panteão mutuamente exclusivo. E ele está correto nesta afirmação.
Experimentemos aplicar isso ao ateísmo. Para este ser verdadeiro, todos os teísmos devem ser falsos. Se um deus for verdadeiro, o ateísmo se torna falso, e não importa se esse deus é Yahweh, Zeus ou o Monstro do Espaguete Voador. Dessa forma, enquanto um teísmo em particular tem contra si as probabilidades de todos os outros teísmos, o ateísmo tem contra si as probabilidades de todos os teísmos, sem exceção. De acordo com o raciocínio de Dawkins, é mais improvável que não exista deus nenhum que um deus qualquer exista.
Tá legal, tire o ponteiro do mouse de cima do comando "comentários". Você não precisa digtar que "isso não prova a existência de deus, muito menos do Deus cristão", por que eu não pretendo usar o parágrafo anterior como uma argumentação para falsear o ateísmo. Mostrar que algo é improvável não é suficiente para dizer que é falso -- afinal, existe uma chance de tal evento ocorrer, ainda que ele seja muito improvável. E eventos improváveis acontecem: quando eu jogo um dado de 30 lados ao ar, sei que obterei uma das faces, e obter qualquer face é algo muito improvável. Trata-se de outro erro que Dawkins comete.
Francis Collins diz que "Dawkins é um mestre em criar um alvo fácil e destruí-lo com muito prazer." [1] Eu adicionaria outra característica ao estilo argumentativo de Dawkins: ele sabe manipular situações para extrair evidências positivas acerca de sua crença, quando na verdade isto não ocorre. É o que se pode verificar quando ele apela à Teoria da Evolução ou ao "Problema do Mal" para dizer que Deus não existe -- nenhuma dessas duas coisas incorrem nisso. É o mesmo caso que observamos neste vídeo.
[1] COLLINS, Francis. A linguagem de Deus: um cientista apresenta evidências de que Ele existe. 5ª edição. São Paulo: Editora Gente, 2007. p. 170.
A argumentação de Dawkins é mais ou menos a seguinte: Os humanos idealizaram diversos deuses, em várias culturas. Por isso, a probabilidade de que qualquer um deles seja verdadeiro é baixíssima. Assim, é mais seguro crer na não-existência de qualquer deus.
Este argumento de Dawkins peca em dois pontos. Primeiro, ele não responde a pergunta de fato, ainda existe uma possibilidade de ele estar errado. Segundo, de acordo com essa lógica, o ateísmo tem mais probabilidade de estar errado que qualquer teísmo.
Esta última afirmação necessita de um parágrafo de explanação. Dawkins diz que a crença em qualquer um destes deuses exclui qualquer um dos outros, e isso faz com que a probabilidade dessa crença estar correta se dilua em frente ao panteão mutuamente exclusivo. E ele está correto nesta afirmação.
Experimentemos aplicar isso ao ateísmo. Para este ser verdadeiro, todos os teísmos devem ser falsos. Se um deus for verdadeiro, o ateísmo se torna falso, e não importa se esse deus é Yahweh, Zeus ou o Monstro do Espaguete Voador. Dessa forma, enquanto um teísmo em particular tem contra si as probabilidades de todos os outros teísmos, o ateísmo tem contra si as probabilidades de todos os teísmos, sem exceção. De acordo com o raciocínio de Dawkins, é mais improvável que não exista deus nenhum que um deus qualquer exista.
Tá legal, tire o ponteiro do mouse de cima do comando "comentários". Você não precisa digtar que "isso não prova a existência de deus, muito menos do Deus cristão", por que eu não pretendo usar o parágrafo anterior como uma argumentação para falsear o ateísmo. Mostrar que algo é improvável não é suficiente para dizer que é falso -- afinal, existe uma chance de tal evento ocorrer, ainda que ele seja muito improvável. E eventos improváveis acontecem: quando eu jogo um dado de 30 lados ao ar, sei que obterei uma das faces, e obter qualquer face é algo muito improvável. Trata-se de outro erro que Dawkins comete.
Francis Collins diz que "Dawkins é um mestre em criar um alvo fácil e destruí-lo com muito prazer." [1] Eu adicionaria outra característica ao estilo argumentativo de Dawkins: ele sabe manipular situações para extrair evidências positivas acerca de sua crença, quando na verdade isto não ocorre. É o que se pode verificar quando ele apela à Teoria da Evolução ou ao "Problema do Mal" para dizer que Deus não existe -- nenhuma dessas duas coisas incorrem nisso. É o mesmo caso que observamos neste vídeo.
[1] COLLINS, Francis. A linguagem de Deus: um cientista apresenta evidências de que Ele existe. 5ª edição. São Paulo: Editora Gente, 2007. p. 170.
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